domingo, 31 de outubro de 2010

Libertando-se das molduras do mundo

     
       Tem dias em que não conseguimos segurar uma lágrima que insistentemente preenche nosso olhar. Sem motivos? Para o mundo talvez. Mundo que em sua constante insensatez não se importa nem minimamente com os detalhes que para os sonhadores que caminham vislumbrando seu submundo imaginário fazem toda diferença.
        Perdemo-nos no infinito de nossos pensamentos que se pudéssemos concretizá-los trariam mais luz e calor ao mundo sombrio e impregnado de ilusão, frio e insensato. Muitas vezes vilmente culpamos outrem pela mágoa em nós. Não percebemos que tornamo-nos imóveis e lamentadores, encontrando-nos inertes e desmotivados a lutar pelo que sonhamos e almejamos.
        Sobremaneira as circunstâncias coercitivamente atuam sobre nós, e acabamos tornando-nos escravos de toda carga pesada dos ideais e regras friamente elaboradas pela hipocrisia humana. Reprimimo-nos e maquiamos nossa essência, prosseguindo em constante medo de viver. Precisamos aprender a impôr o que queremos, sendo nossa cara e não a cara que os outros querem que tenhamos. Se nos entregarmos sempre mais às regras (e bobagens) alheias perderemos a pureza dos sonhos de outrora, e cairemos na atitude mecânica de sorrir apenas por aparência. Afinal... a quem queremos enganar?
       Acabo por achar engraçado a estranha atitude das pessoas de nos aprisionar em suas molduras perfeitas e nos colocar em sua estante ou cabeceira de cama. Conhecem nossa superficialidade, julgam-nos perfeitos e preparados para enfrentar todas as situações do mundo. Somos para eles retratos no melhor ângulo, expressando sempre o melhor sorriso. Irrepreensíveis e intactos. Denota-se que muitos armam seus esquemas quanto a nós e acham que sempre estaremos preparados para dizer sim ou agir conforme querem e esperam. Sempre estaremos dispostos a sorrir e somos imunes à tristeza e sofrimento.
       Muitas vezes não nos encontramos tão bem assim. E o indicado nessas situações é não carregarmos o fardo imposto. É ser essência sem ser máscara coercitiva posta pela vida. É reconhecer suas limitações, suas imperfeições, seus fracassos, dores e prosseguir tentando se reerguer nos momentos de ruína interna que o mundo se mostra indiferente. Por vezes encontramo-nos dessa forma mesmo, em ruínas interiormente, e necessitamos nos reconstruir silenciosamente. Nesses momentos que o mundo desconhece, precisamos acreditar que passamos por fases e de todas elas extraímos um aprendizado para a vida.
       Tudo pode mudar, mas para isso precisamos querer. Querer e transcender o simples desejo, exteriorizando nosso pensar em atitudes que irá nos impulsionar e enfim transformar de vez nossa realidade. Os primeiros passos são sempre os mais difíceis. Mesmo que façamos pouco devemos fazer algo. O que não podemos é ficar parados, cada vez mais à margem vendo nossa vida passar, permanecendo inertes a cada mudança de estação.
       Hoje, se tens vontade de chorar, chore! Mas acredite que amanhã o sol irá brilhar, cessando a escuridão da noite e dissipando a tempestade que hoje insiste em querer te submergir e afogar. Desta forma, uma mudança na sua vida só depende de você! Acredite e se lance sem medo de ser feliz...
Ame-se! Ame! Mude! Viva!


"Baby, you're a firework
Come on let your colors burst
Make ‘em go, "Aah, aah, aah"
you're gonna leave them falling down-own-own." (Firework - Perry).

Abraços,
WLucas.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Quando aprendi a liberdade do amor...

      O vazio passou, a indecisão se esvaiu, a escuridão foi rompida e uma clara luz invadiu meu ser. Meu coração cheio de medo e empedrado pelo sentimento um dia negado pode ganhar vida novamente. Toda angústia de viver em constante dúvida se foi e em meu interior não há lugar para tristeza com a tua certeza que me completa. A gratidão retorna à minh'alma, devolvendo a pureza e inocência de todos os sonhos que alimentei um dia...  
        Chorei, sofri, amei, caminhei sozinho por um longo tempo. Apesar do vazio e solidão na caminhada, não desisti e aprendi com isso. Respirei, pensei, acreditei e segui. Com o coração que muitas vezes parecia sangrar, maltratado pela ilusão, persisti e acreditei que poderia um dia enfim voar. Coração apertado, inconstante e descompassado então se aquietou. E hoje bate calmamente, de maneira leve e desprendida. Só quer bater por um motivo especial... E eu me coloco nas mãos de quem me trouxe à vida novamente.
      Após dolorosos passos na estrada, onde a sombra persistia e as flores insistiam em não desabrochar, eu cresci e hoje sou mais maduro, caminhando em uma temporada de vida em cores, vislumbrando as flores da primavera pós inverno. Ainda sinto-me com a insanidade, mas agora a de um sentimento verdadeiro e mais equilibrado, voando com os pés firmes no chão. Permito-me voar quando seguro em suas mãos e você me transmite a segurança que tanto necessito e sonhei. E nós voamos juntos, com os olhos enamorados.
       Encontrei, enfim todo carinho que sonhei e hoje a minha felicidade olha para a sua, ambas se completam e andam juntas. Sorrio suavemente ao olhar pra trás e perceber que valeu a pena acreditar e esperar. Soube esperar e encontrei a resposta, a luz personificada para meus dias escuros e sombrios... E que luz!! Compreendi os sinais e não tive medo de me entregar. Quando me desliguei da busca obsecada por sinais eles vieram até a mim. Quando parei de correr atrás das borboletas e cuidei do meu jardim, ela veio até mim.   
        Tão bom caminhar acompanhado e se sentir em liberdade. Aprendi que o amor verdadeiro não aprisiona. Ele te dá asas. É quando você não empedra o sentimento dentro de si, mas o oferece a alguém que realmente valha a pena. Como se você se doasse por inteiro,  se esvaziasse e ainda assim permanecesse cheio e cada vez mais completo. E nós nos completamos porque somos completos, somos inteiros... Somos você e eu, somos nós... Somos amor e eu amo muito você.

"Se fiquei esperando meu amor passar,
já me basta que então, eu não sabia amar...
e me via perdido e vivendo em erros,
sem querer me machucar de novo
por culpa do amor.
Mas você e eu podemos namorar.
E era simples: ficamos fortes.
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu ..
."
Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá


Beijos e abraços,
WLucas.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Indubitável sinal em mim (?) ..

      Os sinais me confundem. Remetem-me ao paradoxo de existir ou ser e à contradição de ser ou deixar estar. Constantemente procuro sinais. Perco-me no tempo, reparo os ventos, distraio-me nos dias.
       Olho sutilmente para o céu querendo que fosse meu olhar distraído a captar algum sinal dos tempos, mas sorrio quando percebo que sou eu novamente buscando respostas, querendo coagir inutilmente o universo para responder o que há em mim. Querendo um sinal do que haverá para mim. Há sinais em músicas e letras que emergem uma mensagem em minh'alma? Podem os tempos demonstrar sinais para me alertar, motivar, mudar, mover?
       Ando pelas ruas buscando um olhar, um sinal que mudará algo em mim. Espero sinais que indiquem que alguém chegará. E que algo chegará. E que eu chegarei. Procuro sinais que me convertam à uma mudança repentina e real. Sinais que ajudem a analisar meus passos atrapalhados. Mas sinto que não posso mais ser refém dos sinais, entregando-me sempre mais aos dissabores que a dolorosa distância impregna em minha vivência, meu existir.
       Frustro-me pelos sinais do passado que demonstram o que foi tão real pra mim e ao mesmo tempo tão unilateral. E todos os sinais que foram mal interpretados. Ou que não quiseram ser vistos. Hoje, buscando alterar o foco da vida, tento com cautela encontrar sinais, para me lançar do cais sem olhar para trás. Há em mim um profundo desejo de desembarcar e me lançar rumo ao porto seguro que trará talvez a paz que amenizará toda essa tensão que me corrói por dentro.
      Almejo sinais que me impulsionem a tentar, a arriscar, partir, buscar e então encontrar. Sinais que anunciem perspectivas ou que apontem o caminho, a saída. Mas os sinais não vêm e destarte não me veem. Deixar-me-ei seguir, pondo-me a sorrir, pelo caminho que insiste em não florir? Estaria eu criando sinais e encaixando-os em lugares errados? Onde estarão os sinais? Os que vejo hoje são realmente autênticos sinais? Ou será que eles não existem e o simples fato de não existirem é um sinal?
       Estou farto de procurar e não encontrar.Ou talvez de ao extremo achar que tudo seja sinal. Ou ainda de ver os sinais e não percebê-los, como se pudesse vislumbrar e não interpretar. Onde estará, enfim, a hermenêutica salvadora que desvendará a mística que envolve o avesso das circunstâncias e detalhes, fazendo triunfar aos meus olhos a verdade procurada que me libertará?
       Talvez quando meus olhos não se preocuparem em vislumbrar sinais, e os meus sentidos de maneira solta se permitirem ser sem buscar é que os encontrarei. Encontrarei porque eles me encontrarão, enfim. Os arredios e fugazes sinais só se deixam ser notados quando não são obcecadamente procurados.
      Deixarei então os sinais dispersos. Ligar-me-ei ao inverso do reverso para me encontrar. Para que ao me encontrar os sinais me encontrem, me orientem, me lancem à plenitude dos seres, sendo sinal que sou eu. Dando o sinal do que há em mim. Talvez essa esperança que minh'alma agora alcança, seja o sinal de que o sinal está em mim. Que os sinais me encontrem, quando eu me encontrar, afinal.

Abraços,
WLucas.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Conflito incessante ..

     Encostado em sua janela o menino olhava a rua. Pelo menos isso era o que as pessoas que o viam pensavam. Contudo sua retina fatigada, não tão quanto a de Drummond, mas já cansada, se perdia para além das montanhas e nuvens. Sua imaginação voava para além dos pássaros. Transcendia todo o mundo físico e repousava em uma realidade distante e inexplicavelmente abstrata, mas que exercia uma força real e dolorosamente concreta em seu submundo. Indagava-se sobre qual seria o fundamento de tudo que vivia. Perguntava-se sobre o propósito da vida ao enviá-lo para aquele lugar. E muito mais que isso, partindo de suas indagações queria se desprender do que lhe impedia de voar. E ele acreditava que poderia voar, quando desse asas ao seus sonhos e precisava de coragem para isso.
      Seus olhos cheios de medo e dúvida se lançavam tentando imaginar o que haveria para ele nessa vida. Pensava no que haveria para si depois daquela montanha e céu nublado. O que haveria reservado naquele horizonte em que sua vista não podia alcançar. E se questionava sobre o que era necessário fazer. Analisava o que havia feito até ali e achava pouco.  Percebia que suas tentativas de mudança não eram suficientes para aproximá-lo da concretização de seus sonhos, sentindo que seus passos se perdiam na caminhada de busca de seus objetivos. Tentava vislumbrar o que haveria no fim daquele caminho que insistia em seguir, onde seus pés cansados seguiam de maneira privada e controladamente. Não conseguia imaginar para onde aquele caminho o levaria e fechava seus olhos, numa expressão de dor. Quem sabe ele até pudesse imaginar o fim daquele caminho e imaginar o entristecia, ao perceber enfim que não era o que sonhava para si.
       Carregava em si um conflito inevitável e uma alma que clamava transformação. Ele sabia da história de muitos que se arriscavam e conseguiam concretizar os sonhos. Enchia-se de vontade e coragem para tal risco necessário. Sabia que teria problemas, dificuldades, entretanto estava disposto a deixar toda segurança de seu mundo para trás na tentativa de crescer. Queria sair dali e lutar pelos sonhos mais lindos que alimentava desde a infância. Sabia das lágrimas que seriam derramadas fora dali no escuro de seu quarto à noite. E talvez tentasse mensurar quantos males lhe faria a solidão. Mas deveria arriscar...e estava disposto a isso. Mas irônica e dolorosamente os grilhões invisíveis e tão reais o prendiam e ele se via repentinamente sem forças.
       Então um súbito sinal surgia no céu naquele cenário nostálgico que seus olhos físicos apreciavam sem perceber e o trazia para ali. O sol apontava entre nuvens e fazia com que alguns raios iluminassem seu rosto já marcado. Ele suspirava fundo, de olhos fechados, sentindo o ar encher seus pulmões. Num momento em que se distraía de seus conflitos e anceios, sentia uma necessidade de viver mais concretamente também o nobre sentimento que tudo inspirava e transformava, a tão sonhada e buscada virtude... o tal amor. Ele que amava tanto o invisível almejava enfim amar o real. Sentia uma imensidão de sentimentos em si, sentimentos puros em seu coração, e tinha o desejo de exteriorizá-los. Contudo, quando tentava as oportunidades fugiam de seu alcance. Lembranças dolorosas e palavras mal ditas lhe invadia a memória e era difícil conter a dor do coração. Seu corpo doía. Suas forças desapareciam e uma lágrima dolorosamente silenciosa caía de seu triste e sincero olhar. Se pressionava contra a janela e perguntava a si mesmo se um dia enfim seria feliz. Será que um dia viveria o amor? Ele se sentia alérgico ao amor. Solitário e cheio de dúvidas disfarçava o choro olhando para as montanhas. Com tantos pensamentos, sua respiração tornava-se difícil. Seu coração disparava.
        Guardava sua dor em silêncio. Disfarçava um sorriso. Não queria chamar atenção de ninguém. Só silenciomente almejava uma oportunidade de vida. Uma oportunidade de amor. E ele sentia medo e frustração frente aquela confusão de sentimentos. Cheio de dúvidas fechava a janela, e antes de fechar as cortinas lançava um olhar esperançoso para o céu, desejando que aquela escuridão um dia pasasse. Vislumbrava o sol entre nuvens e os pássaros que voavam em liberdade sobre sua cabeça. Fechava então as cortinas e naquele momento a escuridão aumentava dentro de sua casa. Pensava com aquele fato que a luz que brilha lá fora não iluminaria sua casa se mantivesse as janelas e cortinas fechadas. O que haveria dentro de sua casa seria apenas escuridão, sendo que ironicamente a luz ainda existiria, irradiante em outro plano, iluminando aos que se permitiam ser iluminados verdadeiramente por ela. Entrentanto não iluminaria ali dentro. Pensativo caminhava lentamente para o seu quarto, tentando projetar em seus pensamentos uma abertura definitiva das janelas, portas e cortinas de sua alma para a vida. Abrir sua alma para a luz. Queria enfim amadurecer de verdade e deixar que a luz entrasse em seu ser, para que se tornasse real toda bagagem de sonhos que trouxera até ali.

Abraços,
WLucas.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Saudade que invade..


                         
Nesses dias estranhos a saudade enfim já não quer dissipar
entranhou-se em meu peito e agora insiste em me habitar
Tentativas frustrantes de esquecimento
fazem lembranças invadirem minh'alma num momento
Lembranças cada vez mais reais
que furtam minha paz
e retiram-me o ritmo da dança,
levando embora meu sorriso de esperança
Nessa vida fugaz como um respirar
não temos tempo para desperdiçar,
e eu não quero mais sofrer
recordando seu olhar que não quer me ver
Finjo a dor,
fujo para longe dessa situação
mas meu pensamento é perseguidor
remetem-me de novo à dor do coração
Não dá pra riscar da vida a essência dos sonhos de outrora
Findou o crepúsculo e a noite chegou, mas nada de vislumbrar a aurora
Já não sei como agir
triste sigo tentando sorrir
O caminhar pensa inutilmente que trilhas mudando
a minha alma refaz
mas sou só eu disfarçando e tentando
reencontrar a minha paz.

 
Abraços,
WLucas.

(Saudades de quem está longe, e meu coração teme o que não existe mais. 
E 'treme' por não mais poder existir).

sábado, 2 de outubro de 2010

Amor Estranho ..


Me desculpe, mas devo ir embora
Eu sabia que era uma mentira 
Quanto tempo perdido atrás de você
Que promete e nunca muda
Estranhos Amores que nos colocam em problemas
Mas na realidade somos nós.
   

E na espera de um telefonema
Brigando para que esteja livre
com o coração no estômago
e um nó na garganta
ali sozinho, dentro um arrepio,
mas porque ele não está.

E são estranhos amores que
nos fazem crescer e sorrir
entre lágrimas
Quantas páginas para escrever,
sonhos livres para dividir.

E são amores normais a esta idade
que se confundem dentro da alma
que se interroga sem se decidir
se é um amor para nós.
 
E quantas noites perdidas a chorar,
relendo aquelas cartas
que não consigo jogar fora
no labirinto da saudade
grandes amores que terminam
mas porque ficam no coração
 
Estranhos amores que vão e vem
nos pensamentos se escondem
histórias verdadeiras que nos pertencem
mas se perdem como nós.

Amores estranhos, frágeis
prisioneiros livres
amores estranhos que nos colocam em problemas
mas na realidade somos nós.

Amores estranhos, frágeis
prisioneiros livres
são amores estranhos que não sabem viver
e se perdem dentro de nós.
 
Me desculpe, mas devo ir embora
desta vez é uma promessa
porque eu quero um amor verdadeiro
sem você.

(Tradução de Strani Amori -
A. Valsíglio / R. Buti / Cheope M. Marati)
 
("Um coração tolo que insistia e tolamente insiste, em algo putativo" - WL). 

Abraços,
WLucas.