sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Estória de uma dor infinda ..

A menina solitária sofria calada.
Enquanto o mundo girava e o tempo passava, com uma dor silenciosa
que consumia seu peito ela sorria para enganar o sofrimento.
Ela que julgava gozar de liberdade agora se via presa a uma dúvida.
Não sabia agir prudentemente. Não conseguia agir conforme seu coração pedia.
E sofria com toda aquela situação que angustiava seu inocente coração.
E quando ela por minutos não conseguia disfarçar a dor e seus olhos, os espelhos
de sua alma tão fragilizada demonstravam que ela não estava bem,
todos indagavam e apontavam a ausência de motivos para
ela se entristecer. Ela assentia com um sorriso, tentando demonstrar que todos
tinham razão, menos ela. E assim aguentava a dor calada.
Em seu interior lágrimas de sangue eram derramadas.
Sentia um súbito frio e engolia seco seu pranto por não saber quem era.
Segurava sua dor visceral para não transparecer egoísta ou dramática.
Não queria atenção para si. Queria sumir daquele lugar.
Queria ser esquecida. Queria fugir daquela imagem e formato que haviam
lhe dado. Queria se jogar, se atirar, agir impulsivamente também.
Mas repentinamente um calor invadia sua alma e ela se via inerte,
contraditoriamente o calor a congelava.
Um aperto apoderava de seu coração. Seu ar parecia sumir e ela
se sentia sufocada. Suas mãos suavam frio e ela temia
que aquele sofrimento perdurasse por todo sempre.
E por temer seu coração disparava e uma lágrima dolorosa caía de seus olhos,
percorrendo seu rosto inocente, todavia já marcado em pequenos detalhes
de sua expressão pela dor que sentia.
Ninguém a entendia quando se calava, mas a cicatriz em suas entranhas
estava lá. E como doía.
Alguns, como muitos que só veem a superfície das pessoas, a olhavam
admirados, perplexos com sua beleza e doçura envolvente.
Sua casca sorria docemente, e ela sutilmente enganava a todos.
Já sabia fazer bem aquela arte no teatro de sua vida.
Queria, outrossim, se enganar. Mas não conseguia.
Por dentro um amargo gosto a consumia.
E o pior, ela sabia a razão.
Todavia não tinha forças para combatê-la.

"-Talvez amanhã!" - pensava, deitada com a cabeça em seu travesseiro.
"-Quem sabe amanhã eu conseguirei sorrir sem peso de ser só por aparência." ...
"-Talvez amanhã essa dor diminua e eu encontre a resposta que há tanto espero."
E adormecia, após chorar solitariamente no
escuro de seu quarto.
E adormecida alimentava esperança e se via livre, entrando em seu mundo perfeito onde ninguém podia perturbá-la.





Abraços aos leitores,
WLucas.

5 comentários:

  1. "contraditoriamente o calor a congelava"
    acho que essa menina alem de dor possui uma lourua infinda. rs
    acho que mais do que sofrimento, ela sente amor.
    acho que essa menina aí, é flor.


    querido, entrelinhas carregas da tua sensibilidade em ver o mundo, em reparar o amor.
    estou orgulhosa de ti.

    beijo
    nii

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  2. Luh

    Que coisa mais linda. E se você pensa que não sabe escrever EU CONCORDO. se faz mais que isso você consegue dar as palavras a mesma imensidão dos sentimentos... Sem duvida perfeito.
    “Sua casca sorria docemente”

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  3. So mais uma coisa
    "Não sabia agir prudentemente. Não conseguia agir conforme seu coração pedia."
    Contraditorio, perfeito!

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  4. Onde há amor, há dor!

    Senti meu coração dorido ao ler seu texto.Parece que fui ou sou esta MENINA. Me fez lembar de Camões, "Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente;
    É um contentamento descontente;
    É dor que desatina sem doer;"
    Há certos sentimentos que não conseguimos ocultar,tentamos, mas ele nos deixa inetes.

    Lucas, parabéns pelos textos postados, são marcados por uma sensibilidade que me envolveu profundamente, pois quando li-os me vi em quase todos.

    Abraço carinho...
    Si!

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  5. Luhh..... o texto além de cativar nos comove até o âmago da alma

    Linnndoooo!!!!!!!! amei...

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