segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Quando a alma clama mudança ..

       Os dias passavam e estranhamente uma esperança de que algo aconteceria permanecia. Esperava uma mudança em sua vida. Seu coração se enchia diante das expectativas de algo melhor para si. Há muito esperava por uma nova oportunidade. Mas tinha medo da nova sensação que lhe invadia. Não queria ser inconsequente. Sabia enfim do que trazia dentro de si. E começava a aprender a rir de si mesmo e a dramatizar menos. Por vezes se repreendia ao julgar ser insanidade sentimental em um mundo tão racional.       
       Descobriu após relutar, se machucar e tentar fugir, que aquilo que sentia era puro e sincero. Não obstante, tinha medo de senti-lo. Se machucava ao perceber os sinais que insistiam em lhe enfrentar. Seu coração tolo teimava em bater comprimido. A insegurança lhe invadia. Sabia sonhar e sofria por ser incapaz  de transformar sonhos tão belos em uma realidade ainda melhor.
       Contudo, como sempre contara em sua vida com uma intuição que lhe movia, acreditava que podia  mudar e prosseguia. Sem olhar para trás, sonhava com tempos de paz. Sonhava com o impossível. Queria arriscar, agir por impulso conforme seu coração pedia tanto. Mas devia ter calma... Essa calma necessária na teoria. Mas como explicar isso na prática ao seu estúpido coração? Sentia momentaneamente um ódio de si por não ter o controle de seus sentimentos. Sabia que tinha que equilibrar, mas não conseguia. Sentia claramente em si uma tolice por querer controlar o incontrolável em suas entranhas. Era uma tentativa frustrante.
       Sentia uma limitação em si, como a de uma inocente criança olhando fixamente para o céu, através da janela de sua casa, tentando parar a tempestade que avassaladoramente caía lá fora. Queria parar a chuva para poder brincar lá fora. Tinha medo de sair e se molhar. Criança que já se via inconstante dentro de sua casa, limitada em seus atos para não quebrar as coisas que ali haviam de maneira tão organizada. Não brincava em liberdade total para não quebrar a antiga moldura de cristal. Dentro de casa, olhando para a chuva que caía, em segurança estava. Mas absolutamente seca e infeliz se encontrava. Queria então sair, mas com temor permanecia inerte frente a chuva lá fora, cheia do medo que aprisionava. Como era frustrante àquela criança querer ainda cessar a chuva que não iria parar simplesmente porque ela almejava.
       Assim se sentia, como essa criança que metaforicamente ilustrava a história de sua vida. Mas eis que vivendo a vida, pode perceber a libertação dessa criança, que também fizera uma óbvia e sensacional descoberta partindo de uma esperança que intrinsecamente lhe acompanhava no recôndito de seu ser. Conseguira enfim enxergar que não precisava controlar a tempestade e nem tinha necessidade de privar-se e permanecer intocável na segurança de casa. Fizera a emocionante descoberta de viver no incontrolável.          
       Podia se aventurar livremente na chuva e descobrir a emocionante experiência de deixar seus pés empoeirados pular nas poças...
Podia e deveria se arriscar se quisesse ser feliz. E fazê-lo sem se preocupar com as roupas molhadas que literalmente o tempo cuidava de secar. A chuva não caía só sobre si. Feliz por perceber e administrar isso podia enfim continuar. Assim, livre de todas as amarras que carregara há tempos, reparava em si
a felicidade solta. E suspirando profundamente via através das janelas de sua casa que deixara
pra trás os vasos, vidraças e a antiga moldura de cristal que ainda estavam lá em segurança, todavia inertes. E como adorava agora o risco de estar em movimento! Molhado, ensopado, encharcado talvez. Entretanto movimentando-se, aprendendo e crescendo com as tempestades e poças d'água da vida.
"C'est la vie..."

Forte abraço,
WLucas.

2 comentários:

  1. Luiuuucas *----*
    Cada dia tu tá melhor, hein moço?
    liiiindo o texto!
    adorei a alegoria *-*
    valeu por me permitir ler uma tao bem feita depois de tempos *-*
    beijao.

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  2. QUEE LINDO LUUUUUUU
    Se vai fazer uma dedicatória no seu livro pra mim?? Dizendo que minha vida foi inspiração ... kk

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